Por que o mercado de petróleo não acredita na alta dos preços? O petróleo é uma das commodities mais importantes e voláteis do mundo. Seu preço afeta diretamente a economia global, os custos de produção e transporte, e as políticas energéticas dos países. Mas o que determina o valor do barril de petróleo? E por que o mercado está apostando em uma queda dos preços nos próximos anos?
A oferta e a demanda de petróleo
O preço do petróleo é definido pela interação entre a oferta e a demanda. A oferta depende da capacidade de produção dos países produtores, que podem aumentar ou reduzir sua extração conforme as condições do mercado e seus interesses geopolíticos. A demanda depende do consumo de energia dos países consumidores, que pode variar conforme o nível de atividade econômica, as preferências dos consumidores e as políticas ambientais.
Quando a oferta é maior que a demanda, o preço tende a cair, pois há excesso de oferta. Quando a demanda é maior que a oferta, o preço tende a subir, pois há escassez de oferta. Essa dinâmica é influenciada por diversos fatores, como choques de oferta (por exemplo, guerras, sanções, acidentes), choques de demanda (por exemplo, pandemias, recessões, inovações), expectativas futuras (por exemplo, crescimento econômico, transição energética, acordos climáticos) e especulação financeira (por exemplo, hedge funds, contratos futuros, opções).
A aposta do mercado em um cenário de baixa
Atualmente, o preço do petróleo Brent está em torno de US$ 75 por barril, um patamar elevado em relação aos últimos anos. Esse aumento se deve principalmente à recuperação da demanda após a crise provocada pela pandemia de Covid-19, que reduziu drasticamente o consumo de combustíveis em 2020. Além disso, a oferta tem sido limitada pela Opep+, uma aliança entre os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros produtores aliados, como a Rússia. Esse grupo tem mantido cortes voluntários na produção desde 2017, com o objetivo de sustentar os preços e evitar um colapso do mercado.
No entanto, o mercado de petróleo não parece acreditar que essa alta dos preços seja duradoura. Os contratos futuros de petróleo Brent para entrega em 2025 estão sendo negociados a cerca de US$ 60 por barril, bem abaixo dos atuais US$ 75. Isso indica que os investidores esperam que a oferta supere a demanda no médio prazo, à medida que a produção dos Estados Unidos e de outros países se recupere e as fontes renováveis ganhem espaço.
Os desafios da Arábia Saudita e da Opep+
A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo e o líder da Opep+. O país depende fortemente das receitas do petróleo para financiar seu orçamento e sua agenda de reformas econômicas e sociais. Por isso, tem interesse em manter os preços elevados e estáveis. No entanto, enfrenta vários desafios para alcançar esse objetivo.
Um desses desafios é a concorrência dos Estados Unidos, que se tornou o maior produtor de petróleo do mundo graças ao avanço da tecnologia do fracking, que permite extrair petróleo e gás de formações rochosas não convencionais. O fracking tornou os produtores americanos mais flexíveis e resilientes às oscilações do mercado, pois podem aumentar ou reduzir sua produção rapidamente conforme os preços. Além disso, os Estados Unidos têm uma política energética voltada para a autossuficiência e a segurança nacional, o que reduz sua dependência das importações de petróleo.
Outro desafio é a transição energética global, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas. Essa transição implica em uma mudança gradual da matriz energética mundial, substituindo os combustíveis fósseis por fontes renováveis, como eólica, solar e hidrogênio verde. Essa mudança afeta a demanda por petróleo no longo prazo, pois reduz o consumo de gasolina, diesel e querosene nos setores de transporte, indústria e aviação. Além disso, a transição energética é apoiada por acordos internacionais, como o Acordo de Paris, e por políticas públicas, como subsídios, impostos e regulações.
A incerteza do futuro do petróleo
Diante desse cenário, é difícil prever o futuro do petróleo. Há muitas incertezas e riscos envolvidos, tanto do lado da oferta quanto da demanda. Por exemplo, a oferta pode ser afetada por conflitos geopolíticos, ataques terroristas, greves trabalhistas, problemas técnicos ou ambientais. A demanda pode ser afetada por novas ondas da pandemia, crises econômicas, mudanças comportamentais ou tecnológicas.
Por isso, o mercado de petróleo é tão volátil e imprevisível. Os preços podem subir ou cair rapidamente em resposta a eventos inesperados ou a mudanças nas expectativas. O que parece certo é que o petróleo continuará sendo uma commodity estratégica e relevante para a economia global por muitos anos, mas que enfrentará cada vez mais desafios para se manter competitivo e sustentável.
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Andre Borges é Contabilista com experiência no ramo de finanças pessoais. Trabalha há vinte anos no setor de Contabilidade. No Giro Financeiro vamos abordar assuntos como Finanças, Investimentos e Empreendedorismo.